A inércia apoderou-se da acção. Torna-se mais simples ser espectador dos dias que passam do que ultrapassar os obstáculos que parecem demasiado complexos.
Longe iam os dias em que a opção de ver o tempo passar era mais apelativa do que desbravar caminho. Falta a motivação. Demasiadas coisas não estão certas e os pensamentos vão-se entrelaçando e tornando tudo mais difícil.
A libertação ocorre apenas quando as lágrimas rolam e se confundem com a chuva que cai e lava todo o meu ser. A sensação é de libertação, como se todas as incertezas e receios fossem arrancados e apenas ficasse o essencial daquilo que sou.
Afinal o que isso é? É demasiada a confusão, a falta de algo que me mova, que me desperte. Até as palavras se tornam revoltas e deixam de fazer sentido.
Qual a solução para esta inércia que em vez de se tornar irritante toma a forma de um refúgio. Deixar que o tempo passe é sempre mais simples mas nem sempre o mais acertado. E é isso que alarmantemente ecoa em mim. Não está certo. Vai ter de existir um ponto de viragem em que a actividade vai ter de vir ao de cima e a vida voltará a fazer sentido como ela é, na sua verdadeira aceitação da palavra. Aquela vida em que as horas passam e a sensação de a aproveitar reina.
O grande problema é a mudança. A sede de mudança mas sem que haja aceitação de que uma mudança acarreta sempre abandonar o perímetro de segurança e ficar à mercê do desconhecido.
Afinal os sentimentos não são assim tão confusos. No fundo é o medo do que virá que comanda, neste momento, e comandará até que a inércia se quebre e a acção tome as rédeas disto a que chamo viver.
Mais um dia, mais um pedaço de rotina. A vontade de quebrar esse ciclo é incessante contudo os actos não o reflectem.
Nem sempre uma revolução da vida depende só de nós, tudo importa. Nem que seja a segurança que advém dessa mesma rotina e aprisiona a vontade de deixar tudo e partir.
"Fazer uma obra e reconhecê-la má depois de feita é uma das tragédias da alma. Sobretudo é grande quando se reconhece que essa obra é a melhor que se podia fazer. Mas ao ir escrever uma obra, saber de antemão que ela tem de ser imperfeita e falhada; ao está-la escrevendo estar vendo que ela é imperfeita e falhada, - isto é o máximo da tortura e da humilhação do espírito. Não só os versos que escrevo sinto que me não satisfazem, mas sei que os versos que estou para escrever me não satisfarão, também. Sei-o tanto filosoficamente, como carnalmente, por uma entrevisão obscura e gladiolada.
Por que escrevo então? Porque, pregador que sou da renúncia, não aprendi ainda a executá-la plenamente. Não aprendi a abdicar da tendência para o verso e a prosa. E o maior castigo é o de saber que o que escrevo resulta inteiramente fútil, falhado e incerto." Fernando Pessoa
Não escrevo há muito tempo. Talvez porque a escrita só faz sentido quando há sentimentos a expelir, incertezas a borbulhar dentro de mim e a insegurança é tamanha que apenas a junção perfeita das palavras ajuda a apaziguar tal sensação. Definitivamente esta descrição não faz parte da minha vida actual. Não sou totalmente feliz, mas também ninguém o é totalmente. Tenho as minhas alegrias, paixões, desvarios. Como bela incerta que sou, continuo a ter a certeza das minhas incertezas contudo de uma forma bem mais calma, madura até.
Já não me escondo por detrás das linhas que escrevia, a dada altura incessantemente. Agora prefiro refugiar-me nos meus pilares da vida, as pessoas sem os quais já não sei viver. As incertezas vão existir sempre só penso que perdi a capacidade de as expressar pelo meio da escrita.
É pena. No fundo a escrita intensiva seria algo que gostava imenso de explorar mas falta-me a inspiração. Até numa sessão de escrita criativa já participei numa tentativa de despertar o bichinho outrora bem presente em mim. Já tentei a via da leitura compulsiva para aguçar o jogo de manusear as palavras porém tem sido também infrutífero. Leio efusiva e incessantemente mas tal acto não tem despoletado aquilo que verdadeiramente gostaria de explorar.
Talvez um dia os tempo aureos de blogger voltem e com eles o prazer que a actividade da escrita me provocava...
Como é que sei se o "para sempre" é mesmo para sempre? Será que se algo começar a quebrar vou ter capacidade para me aperceber disso atempadamente, de modo a evitá-lo? Será que o que está destinado a terminar pode ser contrariado?
Tantos ses, suposições, divagações. Não quero tê-las- Quero expulsar de mim cada dúvida e incerteza. Quero esquecer o suposto futuro e tecer as linhas do presente. Ainda que a vontade seja muita o essencial do meu ser não me permite agir assim.
Sou demasiado ponderada e medito incessantemente perante tais pensamentos inquietantes. A minha incapacidade de abstracção é tal que cada acção executada é acompanhada por um alarme constante.
Não sou assim. Adorava viver simplesmente sem me atormentar e sem analisar cada elemento do dia a dia. Em vez disso, o "será que aconteceu por isto", "o que eu fiz?", "será que algo está a mudar sem que eu perceba?" assolam-me. Basta um pequeno desvio da rotina para várias inquietações me martirizarem.
Detesto a insegurança. Porém, sei que neste momento faz parte de mim… Tendo afastá-la, faço tudo para tal. E só espero que seja capaz de o fazer em vez de desperdiçar momento presentes cruciais.
Todos crescemos com certos objectivos predefinidos, ora pelos nossos pais, pela sociedade em si ou meramente pela educação que temos. Esquecemo-nos é que nem tudo corre como o planeado, como estaria escrito como o mais correcto.
Não é preciso ser-se um adulto feito para que muitas das fases tidas como certas numa vida repleta de êxitos não sejam alcançadas. Rapidamente há a necessidade de se enfrentar obstáculos, ideologias que afinal não passam disso mesmo.
É nessa altura que o confronto ocorre, surgem os porquês…as dúvidas e incertezas de não termos conseguido realizar o que seria suposto por falha própria ou porque simplesmente o mundo é assim. Para mim, esta fase é aquela que maior confronto nos traz, por constituir uma altura em que a realidade esbofeteia-nos e abrimos os olhos para aquilo que é viver.
Infelizmente nem tudo é um mar de rosas, nem sempre aquilo com que sonhámos se realiza. Por vezes o percurso ideal não é alcançável. Todavia, no meu entender é essencial passar por esta fase. Bater com a cara no chão, limpar as feridas, reflectir sobre o que na realidade poderá ser mesmo alcançável. E depois de tentar mais uma vez perceber que não somos nós que moldamos a vida mas ela que nos molda a nós.
Toda a lágrima tem uma razão, toda a queda tem um caminho alternativo. Não é fácil fazer as melhores escolhas mas eu acredito que é possível faze-lo. Estou a aprender a modelar-me a esta vida que não faz parte dos contos de fadas ouvidos em criança. Não é fácil mas necessário.
Não é hábito meu utilizar este espaço para outros fins senão esvaziar a alma mas desta vez uma amiga precisa de uma ajudinha e cá estou eu para isso.
Pedia a todas as mulheres que perdem o seu precioso tempo a ler os meus devaneios para responderem a um pequeno e muito curto questionário. É algo fácil e que não vos rouba mais do que um minuto.
Este é o link
Nós agradecemos, é de extrema importância a obtenção do maior número de respostas.
E se quiserem divulgar agradecemos também.
Normalmente há sempre aquela tentação de se dizer “se pudesse voltar atrás para voltar a viver de novo aqueles momentos”.
Essa ânsia está sempre presente mas no fundo tenho consciência que se voltasse realmente atrás não voltaria a ser perfeito. A razão pela qual certos momentos são inesquecíveis e ficam marcados na nossa memória como perfeitos é mesmo essa. Foram vividos naquele instante, sem serem conhecidas as consequências de certas acções. O friozinho na barriga por não se saber se estamos a agir da forma mais correcta, se nos iremos arrepender das nossas acções e decisões. E no fim, se iremos sorrir e pensar que não podíamos ter agido de outra forma, que aquela foi a mais arriscada mas também a mais acertada.
Por circunstâncias da vida, algumas recordações estão agora a emergir e um desejo de voltar a passar por alguns episódios da minha vida, que sei que poucas pessoas têm a possibilidade de viver, renasce. Foi uma altura da minha vida revitalizante e inesperada, onde a ingenuidade de quem está a apenas a iniciar a vida adulta se misturou perfeitamente com a loucura de aproveitar cada instante da vida como se fosse único, pondo de lado a minha racionalidade habitual. Provavelmente foram os melhores momentos da minha vida e espero profundamente nunca me esquecer de cada pormenor, de cada passo, de cada pensamento, palavra ou sentimento. Isto, porque foi com base nesses momentos memoráveis que tenho o que construi até hoje.
Não, não quero voltar atrás. Em vez disso, quero reter as lembranças num recantos do meu ser e puder relembra-las sempre que me apetecer, com todos os pormenores como se fosse hoje. Afinal de contas pode ter sido algo inesquecível mas quem sabe se o que vivo hoje também fará parte dos momentos a reter para sempre no futuro…
Sinto-me cansada. O corpo já não consegue acompanhar o desejo de fazer, o tempo é demasiado pequeno para que consiga descansar e actuar. A peça de teatro em que a minha vida é representada encontra-se anémica e desfalecida.
Pesa-me cada passo que dou. Cada actuação equivale à necessidade de descansar o dobro. Onde vou encontrar tempo para tudo? Não há. Neste momento ou opto por hibernar e cair numa vida mecânica ditada pelo dever ou obrigo o corpo a mexer para não perder nada de cada dia. Mesmo que opte pela segunda opção rapidamente entro num ponto de ruptura em que se não sou capaz de continuar mais e preciso de carregar no botão de pausa.
Esta situação deixa-me frustrada. Já foram várias as ocasiões em que deixei de aproveitar o meu escasso tempo livre porque a necessidade de repouso do meu corpo sobrepôs-se Confesso que isto me preocupa um pouco. Será normal ou algo de errado se passa comigo?
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